domingo, 25 de setembro de 2011

A entrada do Zebu no Brasil.


   A criação de bovinos no Brasil coincide, praticamente, com o seu descobrimento e colonização. Nos primórdios da era colonial, o gado existente no País era todo de origem européia, proveniente da Península Ibérica, enquanto que os Zebuínos foram introduzidos no início do século XIX (BRASIL, 1984).
           Provavelmente, o primeiro rebanho puro foi estabelecido em 1826 na Fazenda Santa Cruz de propriedade do Imperador D. Pedro I, no Rio de Janeiro, constituído de animais procedentes da região do Rio Nilo, na África (EMBRAPA, 1996). Por procederem dessa região, esses animais receberam a denominação de “Zebu do Nilo”.
           Esses bovinos eram procedentes do Egito e da costa Nordeste da África. Possuíam pelagem negra e eram de pequeno porte, enquanto os indianos eram normalmente claros ou cinzentos, e maiores, embora uns e outros pertencessem à mesma sub-espécie Bos indicus.Este rebanho permaneceu ali por longo tempo, acreditando alguns estudiosos que os
reprodutores saídos de Santa Cruz teriam contribuído para a formação do gado China, iniciando assim o processo de “azebuamento”do rebanho brasileiro.
            Pelo fato de alguns reprodutores Zebus, provenientes da África, recebidos pelos criadores fluminenses terem apresentado resultado pouco satisfatório, passou-se a dar maior importância para os reprodutores vindos da Índia.
            Esses reprodutores indianos encontraram no produtores de café os seus primeiros adeptos. Este ,necessitavam dos bovinos para transporte de café, e os indianos eram mais rústicos, mais resistente e mais ligeiro nas caminhadas.
             Verificaram-se importações - touros, casais ou pequenos lotes - nos anos de 1850,
1854, 1878 e 1887. Importações mais expressivas, ocorreram no início deste século, chegando ao seu auge em 1920 com um total de 1904 animais vindos da Índia.
             Neste mesmo período ( + 1920), o Ministério da Agricultura, também se interessou pela importação, trazendo cerca de 300 cabeças da Índia. Minas Gerais foi o primeiro estado a tomar essa iniciativa, pouco antes, com a compra de 200 tourinhos Nelore, em
1908.
             As grandes importações coincidem com a Primeira Grande Guerra e foram conseqüência direta da valorização da carne, devido às exportações. Em 1914 e 1918, entraram no Brasil, 1847 reprodutores, a que se acresceram os entrados em 1920 e 1921, somando mais de um milhar.
             Em 1921, surgiu um surto de peste bovina, trazido por animais que passaram pelo Jardim Zoológico da Antuérpia, o que determinou a proibição de novas importações pelo Governo Brasileiro. Isso fez com que os criadores, desviada sua atenção das importações, passassem a cuidar melhor dos seus plantéis, dedicando-se à sua seleção e melhoramento.
              Durante muito tempo prevaleceu a idéia de que o gado indiano deveria ser sempre cruzado, motivo pelo qual grande parte dos criadores se entregou à formação da nova raça (entre representantes zebuínos).
               Com o aumento dos cruzamentos, acidentais ou intencionais, desapareceram os representantes de certas raças, como a Hissar, a Malvi, a Sindi e as do grupo Misore, os quais entraram no país durante as primeiras importações.
             Em 1930, os criadores mineiros Francisco Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata, conseguem licença especial do Ministério da Agricultura e vão à Índia, de onde trazem 192 reprodutores das raças Gir, Nelore, Guzerá e Sindi, em uma época em que o rebanho estava visivelmente mestiçado, constituído de 80 a 90% de animais denominadosIndubrasil.
              A chegada de apreciável contingente de animais de raça definida, considerados puros representantes das ditas raças, trouxe maior interesse pela criação de gado puro, verificando-se então redução do número de adeptos da nova raça que estava se formando no Triângulo Mineiro.
              Em 1952, Felisberto Camargo, Diretor do Instituto Agronômico do Pará, em Belém, afrontando séria oposição do Ministério e das Associações de Criadores, consegue trazer do Paquistão um lote de 31 bovinos da raça Sindi.
              Em 1955, por não conseguir licença para importações, Joaquim Machado Borges introduziu 114 cabeças de gado Gir, por contrabando através da Bolívia.
              Em 1960, Celso G. Cid traz da Índia, 102 cabeças, sendo 70 Gir, 20 Nelores e 12 Guzerá, realizando quarentena em Paranaguá. Dois anos depois, 1962, Celso G. Cid, Torres Homem, Rubens de Carvalho e Jacinto H. da Silva, trazem, com licença do governo, 153 Gir, 48 Guzerá, 84 Nelore, além de 25 búfalos. Vieram ainda 12 representantes da raça Kangayam, que passou a ser a sexta raça indiana, introduzida no Brasil, em condições de pureza racial.
              A criação desses animais em rebanhos puros e a realização de cruzamentos entre eles, em outras situações, permitiram ao país a preservação e o melhoramento das raças originais bem como a formação de novas raças, como a Indubrasil e a Tabapuã, além de outras variedades.
              De acordo com os resumos estatísticos publicados pela ABCZ (1996) de 1938 a 1996, considerando as categorias PO e LA, foram inscritos 2.349.280 animais no Registro Genealógico Definitivo (RGD), e 4.8432.468 no Registro Genealógico de Nascimento (RGN). Esta mesma publicação avalia a existência, no ano de 1994, de 457.000 animais portadores de RGD e 973.000 animais portadores de RGN, em reprodução.
              Para se ter uma idéias do incremento populacional dos zebuínos, basta comparar o volume de importações de material genético europeu (cerca de 800.000 animais) e indiano (cerca de 7.000 animais), com os contingentes hoje registrados nos respectivos serviços de registro genealógico, quando se constata que o número de animais cadastrados das raças européias é muito inferior ao número encontrado nas raças zebuínas (BRASIL, 1984).

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